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| Foto: Instagram @macaparanalovers |
Tic...
Tic... Tic... Tic... Tocavam os ponteiros do relógio lá na sala, em uma
madrugada silenciosa, naquela casa na Avenida Cinquentenário. Ansioso para o
outro dia, eu não conseguia pregar os olhos por mais que alguns minutos, dormia e acordava todo o tempo. No segundo
quarto dormiam minha irmã do meio e eu; no último, minha irmã mais velha e no
primeiro, minha mãe e meu padrasto.
Algumas
horas mais a frente, minha mãe me balançava, depois daquela noite ruim, ‘acorda
Júnior, olha a hora de ir para escola.’ Depois das férias, era o dia de voltar
as aulas. Já havia comprado o material escolar, naquela época era a melhor
coisa do mundo, comprar o material, sentir o cheiro dos lápis, caderno,
mochila, caneta, borracha todos novos. Mas dessa vez, isso não era o que me deixava mais
empolgado, e sim, o fato de que iríamos para a escola nova. Depois de quatro
anos na escola Maria Emília Cavalcanti de Melo, eu iria para a escola dos sonhos, todos desejavam
estar lá, eu desejava. A escola Creusa de Freitas Cavalcanti.
Dei
um salto da cama animado com essa novidade, tomei meu café da manhã, pão francês
com ovo e um copo de café. Tomei banho, escovei os dentes e me arrumei,
coloquei a mochila nas costas e fui ao novo horizonte. 'Bença, mainha', eu falei sorridente. 'Deus te abençoe, meu filho', minha mãe respondeu me dando um beijo na testa. Era bonito de se ver, as
ruas de Macaparana cheias de estudantes indo para o primeiro dia de aula. Se
não me engano, naquele tempo, nós escolhíamos a turma que iríamos fazer parte,
e eu estava feliz por meu melhor amigo, César, ficaria na mesma sala que eu, nos
conhecemos na 3° série, lá na escola Maria Emília Cavalcanti de Melo e de lá até hoje somos bons
amigos, nossa professora era tia Rosilene, que mais a frente na 6° série, iria
nos ensinar ciências na nova escola.
Nossa
turma seria a 5° série A, era a primeira sala da escola, ao lado da diretoria.
Que escola linda, estávamos felizes pra caramba. Não me recordo ao certo todos
da sala, era muita gente, mas tinham além de César e eu, Cinthia, Priscila,
Ailton, Camila, Thaysla, Karol, Jessica, Josinaldo, Givanildo, Glaucea, Claudemir, ah caramba, era muita gente mesmo.
Outro bom amigo meu, ficou na sala ao lado, 5° série B, Rildo era seu nome, meu
vizinho e um amigo inseparável, quando digo que éramos inseparáveis, éramos mesmo,
nascemos até no mesmo dia. Alguns dias depois, com ajuda de sua mãe, que era
professora de lá, ele acabou mudando de turma e vindo para nossa sala.
Conhecemos
de um a um os professores, difícil lembrar todos eles, mas alguns lembro com
dificuldade. Auxiliadora, era nossa professora de português, ela era bem
baixinha; Marizalva, era professora de ciências, marcante por sua voz fina e
esganiçada; Jacira, era professora de geografia, uma das professoras mais
chatas de toda minha vida acadêmica, mas uma das que tenho maior carinho e até
hoje quando a encontro falo sorridente, professores assim marcam; tinha a professora de inglês também, que não me recordo seu nome, começava com "E". Até a quarta
série era um único professor que ministrava todas as aulas, na nova escola, era
um professor para cada disciplina, por tanto, eram muitos os professores.
Ensinaram-me tanto e sou grato a cada um deles.
O ano passava e nos tornamos, segundo os
professores, a melhor turma de toda a escola, que foda isso! Porém, dois anos
depois, especificamente na 7° série e basicamente a mesma turma, nos tornávamos
a pior turma de toda a escola, faz parte isso! (kkkkkkkk...)
Se
não me engano, ainda na 5° série, a atual diretora largou o cargo e teríamos as eleições
para diretora, minha primeira eleição, estava em minhas mãos a escolha. Nossa
professora de ciências, Marizalva, se candidatou e acabou vencendo, se tornando
desde então a direto da escola Creusa de Freitas Cavalcanti. Um ano a frente na
6° série eu, César, Rildo e mais alguns alunos estávamos entrando no mundo da
música, a professora, agora diretora, Marizalva tinha uma banda a ‘Sucata com
Leite’, foram bons momentos que passamos atrás dos triângulos enferrujados e
dos demais instrumentos feitos de sucata, passamos um ano e alguns meses, até sermos substituídos por outros alunos mais jovens, tocávamos clássicos de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, nosso conterrâneo, o macaparanense Rosil Cavalcante, entre outros.
Passavam
os anos e nos engajamos em quase todos os projetos da escola... Lixo, para que
te quero?, grupo de teatro, cover de RBD, gincanas, torneio de interclasse,
palestras, eventos fora da escola, e tantas outras coisas. A saga acabou na 8°
série, que julgo ser o melhor ano de escola e faculdade de toda minha vida, quando saímos do Ensino Fundamental para irmos até o Ensino Médio, mas
essa é uma outra história, contada em outro momento da minha vida.
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| Foto: Instagram @macaparanalovers |
Foram
quatro anos na escola Creusa de Freitas Cavalcanti e de lá saíram uma
gigantesca gama de amizades que levo até hoje, sem citar esses nomes queria
dizer ‘Obrigado por tudo, vocês fizeram parte de uma das melhores fases da
minha vida!’
Depois
de alguns anos eu entendi o quanto tudo aquilo era bom, não existia
preocupação, ou melhor, a preocupação era brincar, estudar, e por que não,
bangunçar? São momentos que nunca voltarão, são amigos que nos marcaram e nos
fazem recordar de tantas coisas boas e que são guardados no mais profundo do coração.
São professores que nos ensinaram a base do que somos hoje, sou grato a tudo
que vivi com todos eles.
E
professores que se foram para sempre, que nos ensinaram muito e que vivemos
momentos ímpares...
Assim, acabou sua
jornada, vá em paz professora Marizalva Dias.
Hora de descansar, as lembranças nos restaram.
In memory de Marizalva Dias
✝ 24/01/2017