Abuelo

"As lembranças são muitas, cada vez que te vejo tão perto e ao mesmo tempo tão longe me bate uma saudade, uma angústia. Sinto falta de ouvir tua voz ao dizer 'Deus te abençoe' ou até mesmo para chamar meu nome errado, como fazia na maioria das vezes. Sinto falta das vezes que íamos a igreja juntos no domingo pela manhã, de andar pra caramba até chegar ao roçado e lá poder ajudar a colher os frutos que a terra nos dava. Sinto falta das fogueiras de São João, das festas em família que estavas sempre conosco. Sinto falta das brincadeiras, sorrisos, abraços, conversas. Sinto falta do homem que o senhor é, do ser humano que silenciou tão rapidamente em consequência a uma doença. O homem mais guerreiro que já conheci! Eita, como seria bom se eu tivesse a oportunidade de te ouvir pelo menos mais uma vez, nem que fosse para dizer 'te amo'. Acho que hoje sinto mais sua falta que antes, talvez por ter percebido, um pouco tarde demais, sua importância em minha vida. Naquela época eu era um moleque e não sabia muito das coisas, hoje cresci, virei um homem barbudo, cheio de ideais e sonhos, um pouco bonitinho e acho que o senhor iria sentir orgulho de mim, hoje sim. Me inspirei no senhor para fazer meu trabalho de conclusão de curso e foi o maior orgulho, para mim, cita-lo ao final, não se gabe, tá? As lágrimas que hoje rolam no meu rosto são de tristeza, mas de alegria ao mesmo tempo, por ter ao menos conhecido e vivido minha infância inteira ao seu lado, elas são sinceras e de coração. Me perdoa se cresci, me perdoa se mudei, me perdoa se sinto uma saudade que aperta o peito, me perdoa se não fui tão presente, me perdoa se chorei e ainda choro, me perdoa... meu amigo, meu pai, meu vovô! Será eterno..." (Carlos F. Jr.) 

Homenagem ao fim da apresentação do TCC

Recife, dezembro de 2015 

Tema: Efeito do exercício físico em idosos com mal de Alzheimer